No bairro da Saúde, mudas no quintal
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011Em plena zona sul de São Paulo, no bairro da Saúde, o engenheiro agrônomo japonês Shinichi Oki tem mirtilo no quintal de casa. Cuidar dos cerca de 50 vasos é o hobby do agrônomo aposentado, que é de Hiroshima e chegou ao Brasil em 1961.
Oki conta que foi o botânico japonês Goro Hashimoto que trouxe, em 1992, cinco variedades de mirtilo para o Brasil. “Levei para casa e algumas plantas vingaram”, lembra. Hoje, depois de quase dez anos observando o comportamento do mirtileiro, Oki diz que já consegue uma colheita “razoável” até fevereiro.
O mirtilo do grupo rabbiteye, que é o que ele tenta adaptar ao clima de São Paulo e Minas – ele mantém mais mil mudas em Cambuí -, é para regiões que tenham cerca de 300 horas de frio por ano. Já a fruta do tipo southern highbush, que Hashimoto também trouxe em 1992, é para regiões mais frias.
Para produzir mudas, o fruto maduro é semeado no musgo. Depois de seis meses, é feito o primeiro transplante para um vaso de 10 centímetros de diâmetro. Mais seis meses, é feito o segundo transplante, para um vaso de 14 centímetros. O terceiro e último transplante é feito seis meses depois, para um vaso de 20 centímetros. Nesta fase, com a planta já florindo, Oki vende o vaso. Cada um custa R$ 20. Em um ano, o mirtileiro começa a produzir. “Começa dando de 20 a 500 gramas de frutos. No terceiro ano, pode render de 400 gramas a 1 quilo”, diz Oki.
Ele diz que o segredo para o mirtileiro vingar é o substrato. “A planta precisa de muita matéria orgânica. E a quantidade de terra não deve passar de 20% para não compactar.” A rega é feita a cada dois dias e a planta recebe sol direto. “Ao regar, a água não pode demorar a sair do vaso. Isso indica que o substrato está respirando.”
Fonte: O Estado de S. Paulo